segunda-feira, 28 de julho de 2008

Do recado de lamento

Hoje vi um filme, um pouco triste. Falava de alguém que saiu de casa para trabalhar e nunca mais voltou. Eu estava sozinha, no sofá da sala. Estava quente. E escuro.

De repente eu percebi uma mensagem dentro de mim. Uma mensagem a um coração cansado, frio e humano. Era sobre as pessoas em volta, sobre a facilidade com que elas vêm e vão. Do mais chegado e querido, ao mais distante. Todos vêm e vão.

Enquanto começava a articular essas palavras em minha mente, procurei conectar memórias de gente que vi e vivenciei nos últimos anos. Alguns – correção, a maioria - eu sequer sei onde estão, se estão e com quem estão. Procurei me convencer de que cada um procurou ganhar a vida da maneira que lhes convinha, e por isso não os tenho notícias. Então me foquei num passado mais próximo coligando ao presente.

Desde dois anos atrás tenho o meu grupo “fixo” de amigos. Quanto tempo faz que não vejo todos? Nem me lembro mais. Sequer me recordo a época da última reunião que fizemos. E os amigos da faculdade? Semestres vão passando e o grupo diminuindo. E ficando cada vez mais distante. Dois contam em um canto as últimas do laboratório, dois em outro segredam algo que não sei, mas imagino ser relacionado a Naruto ou a jogos, duas ou três do outro lado contam as últimas novidades da vida, das festas, da família. Não é que eu não esteja inclusa, estou. Ou pelo menos tento arduamente estar. Mas aparentemente nada mais me é incluso. Nenhum assunto me condiz, não tenho nada a acrescentar.

Trazendo pra um mundinho ainda menor, os contatos on-line, quanto tempo faz que “as três maridas” não tem uma conversa daquelas no MSN, discutir relação própria e dos outros, saber por onde andam os conhecidos. Quanto tempo faz que não filosofo com o meu parceiro preferido, trocar experiências da tia (ou irmã, como ele prefere) mais velha aqui. Discutir Freud, o capitalismo, o comunismo e as influências dos meios em que convivemos. Quanto tempo então faz que não converso com o namorado dando a devida atenção?

Abduzi-me propositadamente no mágico mundo das séries, desenhos e filmes algum tempo atrás. Lá eu não preciso esboçar opinião ou me sentir inclusa. Só preciso ver, absorver, julgar o que é válido e tentar desprezar o que não for. Uma prostituição da minha própria mente, ou política “pani et circensis” para quem o preferir. Uso-a [a mente], para absorver o conhecimento e fazer as devidas conexões em troca de divertimento barato e sensação de poder literário.

Por ridículo que possa parecer, o fato de ser humana é inegável. Porém ser gente e se encaixar em algum canto e tarefa árdua. Que preciso tentar com mais afinco evitar. Para começar, talvez re-estabelecer contato com os amigos. Um dia consigo. Se alguém um dia ler, e se sentir na mesma situação: coragem!

sábado, 19 de julho de 2008

Da inovação frustrada

Hoje eu queria variar, chegar aqui (só o fato de postar já é variar, mas continuando a narrativa...) com uma coisa divertida, engraçado ou pelo menos simpática. Uma das minhas idéias iniciais foi: Coisas de universitário, fazendo um mini-flash back do meu encontro de turma de ensino médio dessa semana. Pra isso, pensei em usar o lado cômico da coisa, como marcar encontros de turma em que só vão 25% das pessoas, birita barata, gororobas homéricas, discutir a vida sexual de todos que se lembrar em grupo, comer o bastante para estourar, ter intimidade pra anunciar “ninguém se importa se eu abrir o botão da calça né?”, sair correndo atrás do ônibus, vaquinha pra coca, 6 pessoas de carona em um carro popular 1.0 com uma música agitada tocando e a galera do banco de trás se esmagando a cada curva, panelinhas (ou melhor, galeras) com um nome próprio para chamar de seu, entre muitas e muitas coisas. Mas a criatividade acabou no “muitas e muitas coisas” e eu achei que estava nostálgico demais para um texto bem humorado.

Ai fui pensando, pensando...e comecei a lembrar dos problemas, dos planos para o futuro, de como raios será possível fazer tanta coisa ao mesmo tempo. Ai foi batendo o clássico “medinho” e eu pensei em escrever algo sobre as paranóias que temos quanto ao futuro, do tipo: montar ou não uma empresa própria com os colegas de faculdade, sair ou não do estado para fazer cursos de especialização e mestrado, será que consigo arrumar um emprego que pague minhas contas, caso ou fico vivendo la vida loca, ter filho(s) ou cachorro, ter animais de estimação ou um peixe de aquário, casa ou apartamento, Brasil ou exterior. Mas pensei melhor e conclui que isso só deixaria mais dúvidas.

E cá estou, com duas idéias e nenhuma conclusão.

ps: aceito sugestões!